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Documentário sobre Fitarelli terá exibição gratuita na Buarque

Redação O Garibaldense 02/03/2018
Filme que tem como personagem Luiz Henrique Fitarelli - e direção de Boca Migotto - será exibido a céu aberto, neste sábado, 3, às 20h | Fotos: Bruno Polidoro

Um oceano separa a Itália da região Sul do Brasil, trajeto percorrido por milhares de imigrantes no final do século 19, em busca de uma vida melhor. Com o conceito de espelho, que mostra o que ainda permanece da cultura trazida pelos imigrantes a Garibaldi e à região, bem como o que foi esquecido com a conquista do chamado “progresso”, surge o documentário “Para Ficar na História”.
O longa tem como personagem principal o garibaldense Luiz Henrique Fitarelli, colecionador apaixonado pela preservação de tudo que é relacionado à imigração italiana no Brasil. Paralelo a isso, a produção é dirigida por Boca Migotto, cineasta natural da vizinha Carlos Barbosa, que tem refletida neste - e em outros trabalhos - toda a sua atenção e valorização às histórias locais. A pré-estreia do filme será aberta à comunidade, com uma exibição a céu aberto, marcada para este sábado, às 20h, na rua Buarque de Macedo, em meio ao Centro Histórico Municipal.
De acordo com o diretor, o longa surgiu a partir do curta-metragem homônimo lançado em parceria com a RBS, premiado como “Melhor Direção” e “Melhor Montagem” dentro da série “Curtas Gaúchos”, realizada pela emissora filiada à Globo.
“O ‘Pra Ficar na História’ é a oportunidade de discutir todas questões que permearam meus trabalhos anteriores através de um longa-metragem. A questão da preservação da nossa memória; a falta de interesse das novas gerações na sua própria história; tentar entender porque exaltamos tanto a nossa ascendência italiana, mas não hesitamos em derrubar a casa de pedra do nonno para construir um edifício novo”, pontua ele. “Pois bem, além disso, tem toda uma discussão sobre o conceito de museu hoje em dia e um paralelo que estabeleço entre o Fitarelli, como colecionado de objetos, e eu, como uma espécie de colecionador de imagens”, completa.

Os desafios da cultura local

Por mais atraente que seja aos olhos do público, a documentação audiovisual que preserva a história, bem como outras produções artísticas, de um modo geral, ainda precisam batalhar pelo incentivo local em forma de recursos. “O curta foi visto pela Globo e eles quiseram transformar em um longa-metragem. Decidimos levar o Fitarelli para a Itália, à procura das suas raízes, entretanto, tivemos que readequar o orçamento, pois, mesmo com a Globo e a Sony do Brasil, nenhuma empresa da Serra se interessou em patrocinar o filme, que tinha incentivo de redução de impostos via Lei do Audiovisual. No final, conseguimos apenas um patrocínio, da Tramontina, mas, mesmo assim, tivemos que reduzir bastante o projeto para realizá-lo”, comenta Migotto. “Isso, de certa forma, reflete a mediocridade cultural”, acrescenta.

Essa desvalorização encontrada se relaciona diretamente com a temática do filme, que vem, justamente, para valorizar e preservar a história, o trabalho árduo e os anseios dos antepassados que iniciaram a vida em sociedade na região. “Me deixa muito triste, como realizador que trabalha com cultura e como filho da região, perceber que, ao mesmo tempo em que vivemos numa região de tanta abundância, nossas preocupações são mais voltadas aos valores que nos vendem através da televisão. Nos preocupamos mais com as aparências e com ‘fazer dinheiro’, do que com o nosso desenvolvimento pessoal. Isso nos padroniza de tal forma que passamos a apenas trabalhar para consumir, para ‘melhorar’ de vida, sem percebermos que o verdadeiro crescimento - tanto pessoal, quanto social - é o investimento na Educação e na Cultura”, avalia.

 

O personagem principal

Não foi por acaso que Fitarelli atraiu a atenção de Migotto para um documentário. Colecionador há mais de 40 anos, ele se tornou um personagem visado pela ideia de transformar seu acervo em um museu a céu aberto. “Comecei a guardar coisas aos 12 anos de idade, em uma época que não se valorizava muito o que era antigo”, conta Fitarelli que, após se formar em Medicina Veterinária, seguiu mantendo como hobby o gosto pela preservação de objetos antigos que contam a história da imigração italiana no Brasil.
Aos 59 anos, além de manter muitos objetos históricos em casa, ele transformou uma propriedade, na comunidade de São José de Costa Real, na Villa Fitarelli. Com material de demolição, coletado cuidadosamente há 15 anos, o conservador vem erguendo construções fieis à arquitetura dos imigrantes, trazendo a realidade da época aos olhos de quem visita o local. Uma capela, uma ferraria, uma marcenaria, um estábulo e uma casa com armazém são os espaços reproduzidos, que reúnem um acervo com mais de 10 mil peças. Segundo Fitarelli, um moinho d’água também está em fase de construção, junto à marcenaria. “A ideia é preservar a história, pretendo deixar isso como um legado”, diz.
Desde que está estruturada, a Villa Fitarelli recebeu alguns visitantes – a visitação ainda não é aberta ao público em geral – e foi cenário de produções comerciais, novelas globais, sendo agora também o enfoque do documentário.

Exibição na Buarque

A área central da Buarque de Macedo será fechada neste sábado, 3, para a exibição do longa-metragem, a partir das 20h. A pré-estreia contará com a presença de Fitarelli e do diretor Boca Migotto, e terá entrada franca. Em caso de chuva, a exibição será feita na área coberta da Praça Loureiro da Silva.

O longa é assinado pela Epifania Filmes e pela Teimoso Filmes e Artes, em coprodução com Globo Filmes e GloboNews. O evento conta com o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, da Prefeitura de Garibaldi. O filme tem estreia comercial prevista para o dia 8 de março, em Porto Alegre. “Pra Ficar na História” tem produção executiva de Fabiano Florez e Mariana Mêmis Müller e distribuição de Tathiana Mourão, da Pipoca & Filmes.

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