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Flach: uma vida na música

Redação O Garibaldense 25/05/2018
Lauro Flach e o saxofone, instrumento que aprendeu a tocar com seu pai / Foto: Milena Schäfer

Pelas ruas tranquilas de Boa Vista do Sul são poucos os que não o conhecem. A comunidade que Lauro Inácio Flach escolheu para morar ainda nem era oficialmente um município quando o recebeu, de braços abertos, na década de 1980. Atuante no ramo da música e de eventos, aos 60 anos de idade, o profissional segue sua trajetória de trabalho e dedicação no cenário musical da região.

Nascido em uma família de músicos, dificilmente Flach teria tomado outro rumo profissional. Neto de regente de coral e filho de saxofonista, teve o instrumento naturalmente inserido em sua rotina, aprendendo com o pai, Viro Antônio Flach, suas primeiras notas musicais.

Tudo isso começou na comunidade onde nasceu e foi criado, que também se chama Boa Vista, no interior de Poço das Antas, localidade conhecida como Picada Barulho. Mas não era barulho, era música mesmo que saía da casa dos Flach, onde nasceram outros músicos, como o irmão de Lauro, Ademar Flach, professor de música, que também mora em Boa Vista do Sul.

Dede pequeno Flach aprendeu a conciliar a leveza e agilidade dos dedos para tirar notas do saxofone, com a dureza do trabalho pesado que a lida exigia, no negócio de família, com a trilhadeira de grãos e também como lenhador e carvoeiro. Ainda jovem chegou a atuar como vendedor de roupas, de relógios, de frutas e outras tantas variedades de produtos, enquanto seguia se dedicando ao universo da música, participando de conjuntos e buscando aperfeiçoamento com diferentes professores. Em 1980, o casamento com a boa-vistense Iracema Rama o levou para a nova cidade.

“Boa Vista do Sul é um dos melhores lugares para morar, fui muito bem acolhido”, comenta Flach. “Tudo que eu tinha era uma vaca, uma cama e meu saxofone”, lembra, emocionado. Funileiro, carvoeiro e carregador foram serviços que ele realizou na nova cidade, para o sustento da família que aumentara com a chegada da filha Aline Carla, hoje casada com Leandro Staggemeier e mãe das pequenas Isis Raquel, de três anos, e Lívia Raissa, de oito meses.

Mercado musical - Se hoje os músicos dificilmente conseguem reconhecimento profissional, Flach garante que, há algumas décadas atrás, o cenário não era muito diferente. Assim como muitos colegas do ramo, ele cansou de escutar a famosa pergunta: “Mas tu só toca ou trabalha também?”. A resposta dele é rápida e objetiva: “Os dois”, lembrando da rotina intensa de shows nos finais de semana, além da preparação de eventos durante a semana, rotina que se repetiu, por muitas vezes, ao longo da carreira, iniciada em 1970. “Muitas pessoas tocam por divertimento, mas isso deve ser encarado como um trabalho, realizado para entretenimento do público. Pra mim, lazer é pescaria”, avalia o músico, que começou sua carreira no conjunto Pedrinho e sua Orquestra, passando depois por Os Caravellis e a banda Emisson, que, segundo ele, representa o início da atual banda Alma Nova.

Integrando e produzindo bandas de baile há mais de 40 anos, Flach acompanhou de perto o processo de profissionalização destes conjuntos, que hoje, em sua maioria, são mantidos em caráter empresarial, gerando empregos e movimentando a economia de forma direta e indireta. “Hoje em dia a estrutura toda é muito melhor, os músicos tem mais condições de buscar qualificação e os equipamentos são muito mais modernos”, comenta Flach, que viu despontar, nesse contexto de foco profissional, bandas como Os Montanari, Flor da Serra, Os Atuais, Miramar Show, Guarujá, Maringá, Tricolor, Luar, Corpo e Alma, entre tantas outras.

Hoje, Flach segue fomentando o setor com a produção de eventos e, mesmo que os tempos sejam diferentes, garante que os bailes de comunidade ainda atraem milhares de pessoas, principalmente, pela força cultural e pela solução encontrada pelas organizações ao incrementarem os eventos com música eletrônica, voltando o olhar ao público mais jovem. “Se depender de mim, isso nunca vai morrer”, diz.

No início do mês, o aniversário de 60 anos, comemorado, claro, com um baile, movimentou Boa Vista do Sul. Olhando para tudo que viveu até aqui, Flach se orgulha do caminho trilhado, da escolha que fez pela música e de tudo que ela trouxe de bom para a sua vida. “Se hoje me sinto realizado e me relaciono bem com todo mundo, foi porque sempre me dediquei muito em tudo que fiz”, garante. “A música é uma linguagem universal, que possibilita a comunicação entre as pessoas, independente do grau de estudo que ela tenha, isso é muito valioso, abriu todos os caminhos para mim”, finaliza.

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