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Como em todos os anos, e este não será diferente, o ano no Brasil começa depois do Carnaval. Então, na verdade, somente deveremos desejar um feliz ano novo para nossos pares no dia 26 de fevereiro.
Ora, não adianta criar manchetes informando a queda da produção industrial em janeiro. É normal que o janeiro seja o mês dedicado a férias, em muitos casos, coletivas.
Então, deve haver, sim, uma preocupação sobre o fato que ainda não temos nada além de projetos e assinatura de acordos para que novas empresas se instalem no Brasil.
Vejamos: como produtores de petróleo, não poderíamos ter aqui instalada uma fábrica de insumos agrícolas para atender a cultura em grandes áreas?
Outra, como somos os maiores produtores de grãos do mundo, não poderíamos ter aqui as empresas de processamento desses produtos em todos os segmentos?
Porém, parece que o pensamento do mercado é diferente e ainda não estamos convencendo esse mercado de que investir aqui é confiável.
A reforma trabalhista e a reforma da previdência, que pareciam os dois maiores entraves para entrada de capital produtivo no país, parecem ter sido insuficientes.
Restam agora a reforma tributária e fiscal e a reforma do judiciário.
Mesmo sem o governo ter maioria absoluta no Congresso Nacional tem conseguido aprovar a grande maioria dos seus projetos devido a uma nova consciência dos parlamentares que estão trabalhando com mais afinidade as propostas da equipe governamental.
Mas, às vezes, ir com muita sede ao pote pode causar alguns engasgos.
Efetivamente, estamos nos tornando num país regido pelo mercado. Mas isso deixa uma grande dúvida. Será que nós, brasileiros, teremos a cultura suficiente para essa transformação?
Entendo quando o Senhor presidente aposta na qualidade do ensino; e entendo quando o Ministro da Economia afirma que o maior inimigo do meio ambiente é a pobreza – mas não só a financeira, temos, principalmente, a pobreza cultural.
Essa pobreza cultural poderá ser sanada, porém, se bem trabalhada levará, pelo menos, o tempo de uma geração nova, assim como foi o processo contra a caça desordenada e outros. Só as crianças de agora poderão interferir na melhoria dessa cultura, mas esse é um processo que levará, no mínimo, de 15 a 20 anos para resolver.
Então, pode o Estado desproteger seu povo por tanto tempo?
Acho que não. Então, deverá haver muita calma para fazer tudo isso aos poucos para que não vivamos uma situação traumática de cunho social como a que vem acontecendo no Chile. Falei!
