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Muito tenho pensado a respeito da coletividade, uma vez que somos seres humanos e não conseguimos viver sozinhos. Durante toda nossa existência, precisamos uns dos outros para sobreviver e viver e, portanto, precisamos conviver. Conviver com as diferenças geracionais, culturais, políticas, econômicas e sociais. Conviver com toda forma diferente de vida, partilhar vivências e multiplicar experiências. Estar com outras pessoas nos faz enxergar possibilidades inúmeras, às vezes próximas, outras vezes, distantes.
A coletividade e a cooperação são inerentes à nossa existência humana. E para se ter o espírito da colaboração é preciso antes de tudo, respeito! A palavra respeito vem do latim e significa dar atenção, considerar, acolher. Ou seja, existirão sempre formas diferentes e antônimas de olhar as vicissitudes, mas, é preciso acolher, compreender e considerar, que não há uma realidade única e verdadeira, há sempre um novo olhar, uma nova realidade, uma nova maneira. É preciso sair do espaço individual, do egocentrismo e buscar uma visão altruísta, coletiva que se expande para além, para outras dimensões possíveis.
É fundamental a empatia: a capacidade de acolher e compreender a vivência do outro, a partir de um entendimento do todo. Assim, é possível respeitar tudo o que é diferente das nossas próprias concepções, afinal, existem inúmeras delas por aí. Respeitar os limites, com ética e valores, entendendo que cada ser humano tem um jeito próprio de ser, construído dia após dia, experiência após experiência, vivência após vivência. Isso me faz lembrar da fábula da convivência: “Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre estava coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil. Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, em uma tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se juntar mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso. Porém, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais os espinhos dos seus semelhantes. Afinal, doíam muito. Mas, essa não foi a melhor solução, pois afastados, logo começaram a morrer congelados.
Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava certa distância do outro, mínima, mas suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar e sem causar danos recíprocos. Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. E, felizmente, sobreviveram”.
Moral da História? O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro e admirar suas qualidades. É aquele que respeita as diferenças, acolhendo-as. É aquele que conforta, ajuda, colabora e contribui. Precisamos de melhores relacionamentos, para construir um mundo melhor, para este mundo, onde vivemos.
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