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Um ano se passou e algumas situações se repetem, como protestos de comerciantes de Garibaldi contra as medidas de restrição impostas pelo governo do estado, devido à bandeira preta, que impede, por exemplo, a abertura dos estabelecimentos.
O protesto anterior aconteceu no início do contágio, em 2020, e o segundo, na tarde desta segunda-feira, 1° de março. Ambas as mobilizações percorreram as ruas centrais da cidade e terminaram em frente à prefeitura e tiveram o mesmo fim. Tanto o ex-prefeito Antonio Cettolin, como o atual, Alex Carniel, não prometeram nada nas conversas com os comerciantes, até porque não há o que fazer, já que são obrigados a cumprir as normas superiores.
O prefeito que descumprir pode ser enquadrado no art. 268 do Código Penal, que trata do crime de infração de medida sanitária preventiva. Nesse artigo, infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, a pena é detenção de um mês a um ano, e multa. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
Novo protesto - No protesto desta segunda, a diferença do primeiro, é que foi realizada uma carreata, ao contrário da primeira, que foi a pé. Eles se reuniram em frente ao varejo da Cooperativa Vinícola Garibaldi, com faixas e cartazes. Chamou a atenção o baixo número de participantes no início, o que para alguns presentes era receio de que fosse mal visto pelos seus clientes.
Como no primeiro protesto, Fernanda Chesini foi uma das líderes do movimento e a intenção era se encontrar com o prefeito Alex Carniel e pedir o engajamento.
“Fomos lá na semana passada e foi nos dito que estavam de mãos atadas, mas o pessoal não aceita, está revoltado, precisamos trabalhar e não tem como pagar impostos e manter funcionários. O prefeito prometeu em campanha que o comércio não fecharia mais”, disse.
Fernanda avalia que, mais uma vez, os comerciantes terão que dar a volta por cima. “Na verdade, tivemos três a quatro meses de prejuízo, depois três a quatro meses trocando figurinhas, e agora quando achávamos que iria embalar, o que entrou de dinheiro vamos gastar agora, fechados novamente, até a retomada”, lamenta.
Ela planejava que o grupo mantivesse o distanciamento. “Assim que chegarmos na prefeitura vamos descer dos carros e manter o distanciamento, usando máscara, tudo como exigem os protocolos”, orientou Fernanda na saída da carreata, da Av. Independência. Porém, não foi bem assim que ocorreu, já que no protesto, em frente à prefeitura, a maioria estava sem manter distanciamento.
Prefeito e vice receberam pedidos
A carreata iniciou por volta das 16h e os comerciantes passaram por algumas ruas centrais. Em frente à prefeitura, o prefeito Alex Carniel e o vice, Sérgio Chesini, já aguardavam o grupo. Alex explicou que o grande problema é o aumento do número de casos ativos.
“Aqui em Garibaldi, no dia 1° de fevereiro estávamos com 10 a 15 casos ativos, e agora já estamos com 133”, lamentou.
Esse aumento do número de casos fez com que o governador do RS, Eduardo Leite, decretasse a bandeira preta e o fim da cogestão.
“Entendemos que o comércio está sendo penalizado, mas pelo decreto estadual não podemos fazer nada, estamos de mãos atadas. A gente lamenta, é uma situação muito difícil. Recorremos à Amesne (Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste), mas o governador assumiu a responsabilidade e acabou com a cogestão, restringindo as atividades”, justificou Alex aos protestantes.
A partir daí, o prefeito e o vice ouviram todo tipo de reivindicação e protesto dos comerciantes, por exemplo, que todas as empresas sejam fechadas por sete dias. Alguns comerciantes chegaram a se emocionar, chorando pela situação que se encontram. Outros lembraram da promessa de campanha do prefeito, de que manteria o comércio aberto.
Houve até um pedido para que seja aplicado o tratamento precoce contra o coronavírus. (o tratamento precoce é o uso de ivermectina, nitazoxanida, cloroquina, zinco, remdesivir, azitromicina, etc, que, como se sabe, não tem comprovação científica).
No final, como era o esperado, sem definição nenhuma, Alex sugeriu que os comerciantes formassem um grupo para enviar as reinvindicações. “Vamos falar com o presidente da Amesne e da Famurs para buscar algumas alternativas, sabendo que o decreto do governo do Estado nos restringe, porém, vai até o dia 7, depois se abre outra discussão”, amenizou Alex.
Logo depois, alguns dos participantes se dirigiram até a Trevo da Telasul, no entroncamento da BR 470 e da RSC 453, onde se encontraram com a carreata promovida em Bento Gonçalves.