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Em novembro de 2019, o jovem Henrique Maffei, 32, recebeu uma notícia que, para muitas pessoas, seria considerado o final de tudo. Ele foi diagnosticado com glioblastoma multiforme grau 4, no cérebro. Para a medicina, o multiforme de blioblastoma é um dos cancros cerebrais mais agressivos. É um tumor da categoria IV. Os pacientes morrem tipicamente dentro de 15 meses a partir do diagnóstico, embora a cirurgia e uns tratamentos mais novos podem melhorar o prognóstico.
“Tem um nome bonito e a primeira impressão que você lê sobre isso é um pavor”, diz Henrique ao Jornal O Garibaldense. Mesmo com os piores prognósticos, de ter apenas três meses de vida, ter enfrentado duas cirurgias, ficado com sequelas, ele nunca deixou de ter otimismo e encarar a vida da melhor maneira possível. “Fui presenteado por Deus, é uma faculdade sem custo nenhum, porque o que eu evolui de pessoa é uma gratidão eterna”, conta.
Até seu problema ser descoberto, Henrique tinha uma vida normal, sem ter histórico de saúde. Praticava esportes, frequentava academia e jogava futebol pela equipe do Sitio FC, onde era centroavante, e vinha cuidando do corpo, tanto que havia emagrecido 28 quilos. “Comecei a sentir dores leves de cabeça e um incômodo acima dos olhos, que acreditava ser do muito uso de computador e celular”, lembra. Henrique trabalhava como provedor de internet, e em casa fazia consertos de celular.
Uma dor forte no olho direito foi o estopim. “Era uma dor forte, parecia que meu olho estava do tamanho de uma mão fechada dentro do cérebro”. Procurou o Pronto Atendimento Médico (PAM), recebeu medicação, melhorou e voltou para casa, mas as dores retornaram no dia seguinte, quando novamente foi ao Posto, e as dores pioraram. Foi encaminhado ao Hospital São Pedro, quando recebeu morfina e os exames detectaram uma alteração.
Com isso foi encaminhado a Bento Gonçalves para realizar uma ressonância. Com o resultado em mãos, o médico Ricardo Ely Matias, revelou que estava com um tumor e que necessitava de uma cirurgia urgente. “Eu respondi como sempre fui na vida, tranquilo doutor, te vira, estou te trazendo o problema, o senhor que é o doutor. Quando eu vi o médico me senti tranquilo” diz. Após 15 dias da cirurgia retornou para casa, sem sequelas. “Meu pensamento era fazer químio e rádio para terminar com o que ficou, já que o doutor disse que tirou 95% do tumor, e seguir a vida normal”.
Mas não foi bem assim. 50 dias depois voltou a sentir a mesma dor forte no olho direito, teve que ser internado, fazer ressonância e o médico disse que teria que fazer uma nova cirurgia. “Eu disse para ele, na minha cabeça o senhor mexe quando o senhor quiser”. Dessa cirurgia, realizada em 20 de janeiro de 2020, ficou com uma sequela do lado direito. Mesmo assim encarou a vida e a doença de frente, sempre acompanhando o nível do tumor com ressonâncias. “O tumor conheceu um teimoso e vou enfrentá-lo, ainda quero voltar a jogar bola e ter dois filhos que sempre disse que iria ter”, ressalta.
Assim, vem se informando cada vez mais sobre a doença e conversando pela internet com pessoas com o mesmo problema, e alguns que curaram, que foi uma forma de incentivo. Também colocou na sua dieta apenas produtos minerais, tirando a carne e a massa, que ele acredita que estão ajudando na recuperação. Atualmente, o câncer não avançou mais. “Eu faço exames todo o mês e estagnou”, diz ele, que está escrevendo um livro, com o título ‘A doença me salvou e mudou minha vida’.