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Voluntariado no caos

Redação O Garibaldense 17/05/2024
O Ginásio Municipal de Esportes, de Garibaldi, que sedia o Centro Regional de Doações da Serra Gaúcha, está lotado de doações e de voluntários

Da redação

Mais de 700 voluntários estão inscritos para trabalhar no Centro Regional de Doações da Serra gaúcha, no Ginásio Municipal de Esportes, que está abarrotado de produtos doados, que depois de passar por uma seleção são encaminhados aos atingidos pelas enchentes. O contingente de voluntários é dividido em 150 pessoas por turnos. A logística de distribuição é coordenada pela Casa Civil do governo do Estado e Defesa Civil Estadual, com apoio da prefeitura de Garibaldi, Brigada Militar e do Exército Brasileiro.
Luise Scapin, 23 anos, é uma dessas voluntárias. Ela, que cursa Agronomia em Porto Alegre, começou a ajudar na segunda-feira, 13. “É muito importante o trabalho que a gente está fazendo, e nada mais justo que trabalhar em conjunto para reconstruir nosso Rio Grande, porque as pessoas vão precisar e é muito bom olhar em volta e ver que tem muita doação e pessoas empenhadas em ajudar”, diz.
Jaime Fachinelli, 68 anos, que reside em Garibaldi, diz que também colaborou na enchente do ano passado. “Tem que ajudar quem precisa para nós não precisarmos de ajuda”. O garibaldense Vinícius Bortolini, que mora atualmente em Bento Gonçalves, diz que o trabalho é puxado. “É um prazer ajudar, mas só precisa um pouco mais de organização e mais gente”, avalia.
Outra ação desenvolvida é o salvamento dos pets. Segundo estimativas, já foram resgatados das enchentes mais de 10 mil animais. Em Garibaldi, a vereadora Luana Meneghetti (MDB), integrante da ONG Spa Bicho Feliz, está atuando de forma direta no salvamento. “Nessa proporção nunca tinha feito nada parecido, algo parecido na enchente de setembro do ano passado, mas não chegou perto do que passamos agora”, comenta. Ela atuou nos resgates em Bento Bonçalves, nas localidades de Faria Lemos, Linha Demari e Km 2, além de uma ação em Roca Sales, Muçum e Encantado, com uma equipe de veterinários e da Clínica por Pet por Pet, quando os animais foram atendidos no local e outros com mais ferimentos foram trazidos a Garibaldi.
“Superamos barreiras que não dava para passar de carro e via helicóptero, mas não vamos na loucura, a gente conversou com a Defesa Civil, vimos onde poderia ir e nos deixaram passar, com ressalvas, porque a gente sabe tratar os animais num resgate e temos preparo físico para passar por muitas subidas e, às vezes, têm bombeiros que nos acompanham”, diz.
Luana conta, ainda, que muitas vezes foram levados mantimentos, já que os tutores resolvem permanecer no lugar que estão, mesmo sendo perigoso. “Foram centenas de animais resgatados, para Garibaldi vieram cerca de 20, que estão aqui, conosco. Encontramos muitos animais mortos, infelizmente. Uma cena que não esqueço é de Roca Sales, de um cachorro morto em cima da fiação elétrica. É um trabalho emocionante e duro e não dá tempo de chorar”, explica.
A Spa Bicho Feliz está recebendo doações que estão lotando a sede da União Garibaldense de Estudantes (UGE). Segundo o presidente Ivan Lazarotto, a entidade ingressou na campanha organizada por Dani Pasini, arrecadando ração. “Começamos arrecadando dois sacos de ração, e hoje, já encaminhamos 13 toneladas para todas as ONGs protetoras, independente de quem foi atingido, como Muçum, Roca Sales, Encantado, Lajeado, Estrela, Bom Princípio, Feliz, Caxias do Sul e Bento Gonçalves”.
Ivan diz que a entidade entrega o que recebe. “Nós recebemos a doação de todo o Brasil e a gente garante que quem doou tenha a certeza de que chegar a quem realmente precisa. Entregamos em mãos essa ração e medicamentos, e até àgua, tudo o que eles estão precisando”, afirma. O presidente destaca, ainda, que já se pensa no futuro. “Agora, no calor do momento, todo mundo está fazendo doações, só que esses animais não terão para onde voltar, alguns perderam os tutores. Estamos fazendo estoque de insumos para atendê-los até que a situação se normalize”, conclui.

Mulheres atuam na costura de peças danificadas

No palco do Ginásio Municipal de Esportes foi criado um pequeno espaço, denominado de “Cantinho da Costura”, onde cinco costureiras trabalham no conserto de roupas e cobertores, doados com problemas para o Centro Regional de Doações da Serra Gaúcha, evitando, dessa maneira, que vá para o descarte. Lucilene Teixeira, Juvina Cattani, Raquel Pasini, Rosa Poletti Rodiguero e Isabel Martins, na faixa dos 60 anos, costuram sem parar, tamanha a demanda, tanto que elas acreditam que mais de mil peças foram arrumadas.
“Eu estou aqui há 10 dias ajudando e vi que estava indo muita roupa para o descarte, o que era um pecado, já que algumas eram por pouca coisa, como falta de um botão e muita gente está precisando, aí falei com o prefeito Sérgio Chesini e fui buscar minha máquina de costura em casa. É maravilhoso se doar para o próximo”, disse Lucilene Teixeira, ao O Garibaldense.
Ela acredita que mais mulheres poderiam se juntar a essa atividade. “Se tivesse 10 costureiras, ainda não seria o suficiente, porque vem muita coisa com problema, e a gente devolve perfeita. Acredito que só eu arrumei mais de 200 peças. Eu não sou costureira, tenho máquina em casa para fazer para a família e os vizinhos quando pedem e faço de graça”, diz Lucilene.
Juvina Cattani é voluntária, mas não é costureira. “Também ‘quebro o galho’ em casa, mas me ofereci para ajudar, e tem muito trabalho. O pessoal está de parabéns pela organização”. Raquel Pasini foi costureira por cerca de 40 anos e resolveu entrar na equipe de mulheres que arrumam as roupas. “É gratificante participar”.
Rosa Poletti Rodiguero diz que tenta fazer o possível para ajudar. ‘Tem que se doar um pouco”, diz ela, que fez curso de costura, mas não trabalha na área. Isabel Martins, que tem como hobby a costura, pediu liberação do trabalho para atuar como voluntária. “É muito gratificante e é uma peça a mais para quem precisa. Eu arrumei mais de 30 cobertores”, orgulha-se.

As Doações chegam de todo Brasil

Por ser uma central de doações, a chegada de veículos fazendo entregas no Ginásio Municipal de Esportes (foto abaixo) é constante, exigindo um trabalho braçal dos voluntários para descarregar. Por exemplo, na tarde de segunda-feira, às 15h30min, chegou um comboio com três carretas proveniente das cidades de Mafra, Santa Catarina, e Rio Negro, Paraná.
Elas foram escoltadas por um carro da Brigada Militar na entrada da cidade até o ginásio. As carretas, pertencentes a três empresas, estavam carregadas de água, comida, roupas e produtos de higiene.
“Foi feita uma campanha nas duas cidades e redondezas. O que estamos fazendo não tem preço, em três dias lotamos as carretas e ainda tem muita cosa por lá e até o final de semana certamente retornaremos trazendo ainda mais”, disse ao O Garibaldense, Fabrício Spolt, um dos motoristas das carretas, e que tem familiares no bairro Tamandaré, em Garibaldi.
Para chegar ao município, Fabrício contou que o trajeto foi feito de forma tranquila. “Saímos às 4h da madrugada de lá e somente em Antônio Prado, onde tínhamos medo de ficar, teve um siga e pare, mas graças a Deus passamos bem”, conta o motorista.

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