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Fui professor por mais de 30 anos. Lecionei Contabilidade, Técnicas Comerciais e Matemática. Portanto contribui no aprendizado de muitas pessoas e em muitas profissões que meus ex alunos abraçaram.
Ainda hoje é motivo de muita alegria e felicidade quando, na rua ou em qualquer outro lugar, alguém me cumprimenta: Oi professor, como vais? Não são poucas as vezes também que relembramos o tempo de escola e rimos.
Agora, aposentado, já estou cansando de escutar velhos chavões do tipo: “todos os profissionais para atingir seu objetivo passaram por professores”; “Para se tornar médico, engenheiro, advogado, político, etc. precisou de um professor”; “O professor é o mestre de todas as profissões”, e muitos outros. Ora, esses chavões, velhos chavões, normalmente estão nas mãos das pessoas que menos prestigiam os professores.
Muitas vezes, estão na grande imprensa e, conforme o programa, apresentado até com a presença de professores com belas homenagens. É muito lindo isso, porém parece fazer parte de um circo patrocinado pelo mercado visando “presentes”.
Não são poucas vezes que que os políticos também citam professores nesses momentos comemorativos, porém, quando chegam se trada da decisão pela melhoria das condições de trabalho, melhor remuneração, melhor tratamento de saúde, melhores condições para o aperfeiçoamento deles, já começam as desculpas de que não há dinheiro, de que já receberam benefícios demais, que seus salários são muito altos, que o estado não pode mais arcar com tamanho gasto, etc., etc.
Pior, o próprio sindicato de classe não se ajuda. A qualquer contratempo convoca greve sem se dar conta de que o Estado não convoca mais concursos públicos e contrata professores emergencialmente o que reduz cada vez mais o número de grevistas provocando cada vez mais perda de força política do magistério.
Observamos, também, que não são só os professores que sofrem, junto com eles vem nas mesmas condições de tratamento pelo Estado, todo o pessoal da segurança pública. E, parece que quem está bem nessa são só os assessores dos políticos.
É revoltante, realmente é. Principalmente quando se está chegando ao ocaso da vida onde os ganhos de aposentadoria são divididos entre viver cotidiano e se manter vivo com dignidade. E é aí que observamos o maior desrespeito que sofremos diariamente ao necessitarmos de serviços públicos na saúde e bem-estar.
Nossa ingenuidade ou a esperança de dias melhores, nos tem induzido a votar em candidatos que nada têm a ver com nossa classe. Normalmente votamos nas promessas e em partidos cujo objetivo é o de fortalecer os que são contrários aos nossos interesses.
Esclarecendo: Quantos deputados professores foram eleitos pelo magistério e seus familiares? Quantos policiais civis ou militares foram eleitos pelas forças de segurança? Quantos funcionários públicos são eleitos pela classe? É difícil dizer, não é? É bom lembrar que em todos os partidos surgem candidatos.
Ao contrário vemos ruralistas, advogados, médicos preenchendo muitas cadeiras legislativas. Será que já não está na hora de prestigiarmos nossa classe para nos protegermos um pouco?