Voluntários apoiam os atingidos

Voluntários de diferentes regiões estão atuando nos municípios do Vale do Taquari que foram devastados com a enchente do rio Taquari, provocada pelas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul. Muitos garibaldenses estão unidos nessa frente, como um grupo de cerca de 40 agricultores do interior de Garibaldi, Coronel Pilar e Farroupilha, que, munidos de tratores, prestaram apoio em Roca Sales.

“Se ficarmos mais 15 dias aqui o serviço não vai acabar”, relata ao O Garibaldense um dos integrantes do grupo, Márcio Bongiorno, morador de Linha Brasília. Segundo ele, o cenário é o pior possível. “A gente trabalha meio que no automático, porque se o psicológico não estiver bom a gente trava. Só hoje (segunda-feira) entramos em 20 casas e em seis ou sete temos histórias de pessoas que morreram. Tem casas com meio metro de lodo, mas em boa parte da cidade já foi restabelecida água e luz, o que ajuda muito. A gente entra em uma casa e junta brinquedos embarrados, roupas de criança e utensílios pessoais”, conta.

Bongiorno relata que cerca de 10 integrantes do grupo foram deslocados para o interior, na localidade de Caravaggio. “Para fazer o atendimento de agricultores também, porque o pessoal está com o maquinário preso, embaixo de muito entulho. E o irmão de um rapaz que ajudaria também faleceu é bem complicado. Nunca estive em um campo de guerra, mas imagino que seja menos que aqui, não tem muito o que fazer”, lamenta.

Marcos Roberto Lansing, que trabalha na Cooperativa Vinícola Garibaldi e atua na arbitragem da Liga Gaúcha de Futsal, passou a quinta-feira, 7, em Arroio do Meio, sua terra natal, ajudando a limpar o que sobrou das casas da irmã e da avó, que tiveram perdas consideráveis. A irmã, Sônia, conseguiu tirar os pertences, mas sua residência foi afetada após ser atingida por uma outra casa levada pela enchente.

“Duas paredes foram derrubadas e a estrutura do telhado desmontou, talvez, a minha irmã tenha sido a mais prejudicada da família. Já minha avó, Inês, que mora na localidade de Palmas, conseguiu ficar com a casa, mas foi toda alagada e o forro ficou comprometido pela quantidade de barro”, avalia.

Diz, ainda, que foi uma experiência horrível ver sua cidade natal do jeito que ficou. “Me deparei com uma cena bem pesada, cenário de guerra quase, bem chocante. Passamos o dia limpando. É uma tristeza imensa ver a rua onde nasci e me criei daquele jeito, e encontrei amigos de infância desolados, com semblantes de desânimo. Uma montanha de móveis e roupas fora de casa”, comenta.