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O IDH e o meio ambiente

Em recente entrevista à imprensa concedida pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes atribuiu os problemas ambientais existentes à pobreza das pessoas. Disse ele: “O grande inimigo do meio ambiente é a pobreza” e explicou por que “Destroem porque estão com fome”.
Desculpe Senhor Ministro. Eu não vejo as coisas desse modo. O que eu vejo são florestas devastadas com equipamentos de última geração, serrarias clandestinas com equipamentos modernos e ricos fazendeiros levando nossas florestas para plantar soja e pasto; vejo, inescrupulosos comerciantes internacionais de metais preciosos aproveitando o tamanho da nossa Amazônia para levar nossas riquezas minerais e se valendo de pessoas pobres para catar essas riquezas para eles.
Vejo também na periferia das grandes cidades pessoas morando em barracos à beira de córregos e arroios; convivendo com sujeira, esgoto e medo de inundações por falta de saneamento básico; mas esses, pobres reais não estão destruindo o meio ambiente só porque são pobres ou porque precisam destruí-lo para catar seu sustento. Estão, simplesmente, conformados porque não há outro meio de morar e viver, e, o poder público não disponibiliza a eles sequer um local para que possam depositar seus rejeitos para que sejam recolhidos depois.
Porém, o que mais causa apreensão é quando vemos pessoas destruindo patrimônio público, jogando lixo em ruas e córregos ou rios, amontoando lixo nas ruas não se importando com o mau cheiro que possa isso criar. Ainda, causa espanto quando observamos o quanto as pessoas desrespeitam seus semelhantes, enquanto negligenciam em suas ações.
Então, Senhor Ministro, não vejo a pobreza como responsável por todos os problemas ambientais. Vejo sim que a nossa falta de cultura e por consequência falta de educação é a principal responsável pelos problemas ambientais existentes.
Vejo que a saída está em acabar com as frescuras criadas por políticos para o ensino e que haja preocupação das escolas em ensinar como tratar o ambiente em que as pessoas vivem, a ensinar como é bom que todos se respeitem e que cada qual cumpra com seu dever social.
Só assim, veremos menos lixo nas ruas, veremos menos pichações, veremos menos carros estacionados em lugares reservados a idosos e ou deficientes físicos, veremos menos inundações, veremos menos acidentes de trânsito, menos adolescentes servindo ao tráfico, etc. Na verdade, também estamos vendo que nas nossas lideranças políticas apenas temos pessoas nascidas em “berço de ouro” e que nunca se preocuparam com quem mora do outro lado do muro, a não ser na época em que precisa do voto deles.
Por isso, quando tratam de assuntos que envolvem a população em geral, apenas observam o montante dispendido no geral.
Esquecem, por exemplo, de comparar que por uma Lei de Juscelino 198 mulheres filhas “solteiras e ainda desempregadas de ex-parlamentares” estão recebendo por ano o mesmo que 500 mil famílias no bolsa família.
Então, Senhor Ministro, não é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que resolve todos os problemas ambientais porque, se assim fosse, a serra gaúcha seria um pedaço do céu.

Renan Alberto Moroni

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