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Querer nem sempre é poder

O retorno do talentoso músico gaúcho Humberto Gessinger a Garibaldi, no próximo final de semana, me motiva a escrever sobre uma de suas músicas, dentre tantas que fizeram (e ainda fazem) muito sucesso: Somos quem podemos ser, lançada em 1988. O titulo já apresenta uma contradição à ideia de que somos quem quisermos ser - logo, o ponto de vista de que querer nem sempre é poder. Como na maioria de suas obras musicais, o objetivo é provocar a reflexão, a autoavaliação e até mesmo uma mudança na forma de pensar e agir.

Trazendo para o ambiente empresarial, logo no início da canção, tem-se o despertar para a importância do conhecimento e da experiência, ao dizer que as nuvens não eram de algodão e que os ventos às vezes erram a direção. Remete-se ao empresário, quando desconhece os desafios diários da atividade e acredita que o cargo lhe trará mais estabilidade e segurança. Sabe-se que nem sempre é assim, e que é bem comum os ventos errarem a direção. Você traça um plano e espera atingir determinado resultado, porém, o mercado se comporta de forma diferente e o faturamento não atinge os números desejados.

A mensagem principal, que é refrão da música, está focada na questão de que querer nem sempre é poder. Por isso, somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter. Sabemos que toda grande empresa já foi pequena, que precisou de muito trabalho e dedicação para crescer e desenvolver-se. Pode-se pensar que sim, querer é poder. Porém, o alerta que a música faz é com relação às condições que são apresentadas, o ambiente em que a empresa está inserida. Várias são as limitações que o empresário enfrenta, tanto para encontrar parceiros e colaboradores capazes de desenvolver suas funções de forma eficiente, como para acompanhar as tendências do mercado e as exigências dos consumidores. Sem falar da importância do autoconhecimento, para que possa entender suas dificuldades e então melhorá-las, a fim de exercer um papel de liderança que oriente e inspire a sua equipe.

A conclusão é apresentada quando o artista afirma que quem ocupa o trono tem culpa, quem oculta o crime também. Novamente, considerando o cenário empresarial, trata da importância da ética, da transparência. A corrupção não acontece somente em grandes corporações. Quando aceitamos vantagens ilícitas ou incentivamos práticas inadequadas, estamos contribuindo com o aumento dos índices de corrupção e impactando negativamente no desenvolvimento da comunidade onde estamos inseridos.

Seguindo com a letra, temos outra afirmação: quem duvida da vida tem culpa, quem evita a dúvida também tem. Aqui é possível relacionar aos riscos do empreendedor, ao desenvolver suas atividades. Por mais que exista muita vontade de fazer acontecer, além de trabalho e dedicação, o risco (a dúvida) está sempre presente. Então, para que possa atingir seus objetivos, é necessário buscar informações, trocar experiências e até mesmo procurar ajuda com profissionais qualificados, de acordo com cada área de atuação. Dessa forma, o enunciado de que querer é poder começa a se concretizar: correndo riscos calculados, evitando a dúvida, assumindo a responsabilidade. A empresa torna-se competitiva e ganha respeito e admiração, tanto de seus colaboradores, como perante o mercado.

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Aline Agatti

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