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Mais uma guerra econômica

Parece que neste mundo, os homens não conseguem fugir do pensamento medieval de, por qualquer motivo, declararem guerra a alguém sem antes tentarem dialogar e aprender a ceder de quando em quando como homens apesar de toda a evolução do ensino e da intelectualidade dos povos.
Nos primórdios da civilização, os homens faziam suas guerras sob o pretexto de conquistar mais territórios para, por convicções religiosas, “salvar almas”; mas essa não era toda a verdade. Sempre quiseram acumular riquezas.
Ucrânia e Rússia estão numa guerra agora, por motivos semelhantes, apesar da “evolução dos povos”. Existem muitos governos que não conseguem simplesmente conversar, resolver problemas através do diálogo e trazerem o progresso para toda a humanidade por igual.
A Rússia, por exemplo, quando houve o rompimento da União Russa Socialista Soviética (URSS), perdeu territórios importantes que pertenciam à área europeia da nação. Muitas outras repúblicas se recriaram após o rompimento.
Também perdeu, na independência da Ucrânia, o canal de exportação da sua produção pelo porto de Kiev, na capital da Ucrânia. Por aquele porto, ainda hoje, é exportada a maioria da sua produção de gás natural, petróleo, trigo, adubos e nitrogenados, inclusive, para nós, no Rio Grande do Sul. A indústria eletroeletrônica veicular é muito forte na Ucrânia e situa-se principalmente em duas províncias que só falam Russo e, por isto, chamadas de separatistas.
Mas, a guerra é só por isso? Não.
No momento que a Ucrânia começou a negociação para participar como membro ativo da OTAN, (Organização do Tratado do Atlântico Norte), organização essa que é coordenada pelos Estados Unidos e que dela participam as maiores potências financeiras do mundo e principalmente da Europa, a Rússia se sentiu ameaçada economicamente, pois corre o risco de ter que pagar altas taxas para continuar exportando seus produtos via Oceano Atlântico, se a Ucrânia se associar à Otan sem contar que pode sofrer mais sanções ao seu comércio exterior sempre que ameaçar economicamente qualquer economia ocidental, não por qualquer guerra e sim, se concorrer com preços menores que os do mercado internacional ao negociar seus produtos de exportação.
Daí a guerra. A Rússia perdeu o território, mas de forma alguma pode perder o domínio implícito e econômico nessa perda em razão da quebra do acordo antigamente firmado de que poderia continuar a utilizar aquele porto para suas exportações.
É como se o Brasil obtivesse o direito de ter uma saída para o Pacífico, na América do Sul, de qualquer um dos países limítrofes, e, de repente, esse país que recebeu todo o investimento e estradas, ferrovias, instalações portuárias rede de energia e comunicações impedisse o Brasil de exportar seus produtos através daquele porto que custou muito dinheiro de forma repentina e sem uma conversação.
Pela guerra em si certamente a Rússia não tem razão porque essa guerra é decidida por uma dezena de pessoas e as vítimas sempre são pessoas trabalhadoras, mulheres e crianças que nada têm a ver com isso. Porém, como todas, as guerras não acontecem por acaso. Acontecem sempre por razões econômicas, apesar de muitos acharem que economia nada tem a ver com política. Pensem.

Renan Alberto Moroni

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