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A terceira via é possível?

Há uma parcela de eleitores brasileiros insatisfeita com o governo
de Jair Bolsonaro e igualmente avessa à uma possível candidatura
do petista e ex-presidente Lula para as eleições de 2022.
As pesquisas mostram, hoje, uma preferência ao atual presidente
Bolsonaro e ao próprio Lula, que voltou à cena política após se
livrar, mesmo que momentaneamente, das condenações impostas
pela já quase esquecida operação Lava-jato.
Da insatisfação a Bolsonaro e da rejeição aos governos petistas,
esses marcados pelos escândalos de corrupção institucionalizada,
surge como alternativa a terceira via, o que não é, no meio
político, uma novidade. Trata-se de uma corrente ideológica da
chamada social-democracia, no Brasil, encabeçada pelo PSDB do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para o mestre em História, Antonio Gasparetto Junior, nos anos
1970, o mundo estava polarizado entre países alinhados ao capitalismo
estadunidense e países alinhados ao socialismo soviético.
Este embate, que ocorreu principalmente no campo ideológico,
esteve presente por algumas décadas desde o final da Segunda
Guerra Mundial e pautou relações internacionais e a conduta
de cada país como integrante desse contexto. O primeiro ministro
britânico Tony Blair conseguiu reunir em Dublin, na Irlanda,
personagens como Bill Clinton (que seria presidente dos Estados
Unidos) e Fernando Henrique Cardoso (que seria presidente do
Brasil) para discutir um projeto envolvendo a social-democracia
que interessava a todos eles.
A história, sempre cíclica, se repete. Em um Brasil polarizado
pela esquerda e pela direita a terceira via tende a ganhar força.
Resta saber se será suficiente o bastante para emplacar e chegar
ao segundo turno da eleição. Uma vez lá, a terceira via torna-se
uma ‘ameaça’, seja a Bolsonaro, seja a Lula.
Tanto o atual como o ex-presidente, sabem disso. Ironicamente,
Bolsonaro quer Lula como adversário no segundo turno da
eleição. E vice e versa. A maior aposta é sempre na rejeição do
adversário aos olhos do eleitor e não nos próprios méritos. Outra
triste realidade nossa em relação a candidatos à presidência.
A história nos conta que a terceira via é uma ideologia resultante
da reformulação da social-democracia. Uma tentativa de
reconciliação entre direita e esquerda, pois defendia uma política
econômica conservadora associada a uma política social progressista.
Num raciocínio simples, não acredito que essa parcela do
eleitorado brasileiro leve em consideração a terceira via por sua
ideologia, mas pela insatisfação ao atual governo, ou ao retraimento
aos governos petistas.

Julmei Carminatti

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