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Loteria causa inflação

Se morre e não se aprende tudo. Essa é uma frase muito comum entre pessoas de mais idade. Na área econômica também existem fatos que causam impacto, principalmente, quando se trata de calcular os índices inflacionários.
Eu entendo a reclamação das pessoas que, mesmo escutando todos os dias que a inflação está em baixa, vão aos supermercados e o preço dos produtos que precisam aumentam toda semana.
É que o índice da inflação é medido sobre o que é ‘comercializado’ no país sendo pela indústria, comércio e serviços. Então, se os preços dos alimentos sobem por qualquer motivo, inclusive, o do aumento das exportações, é compensado pela redução dos preços dos automóveis, por exemplo, porque as montadoras têm que desovar os estoques de carros do ano que está terminando, e assim por diante.
Agora, querer me fazer entender que as elevações do preço das apostas em loterias da Caixa também fazem parte do cálculo inflacionário, acho absurdo. Afinal, ninguém é obrigado a apostar. Absolutamente ninguém. E como podem entrar no cálculo inflacionário?
Por enquanto, o governo federal está conseguindo manter os índices inflacionários estáveis pelo fato que mantém em baixa a Taxa Selic, remunera muito mal os depósitos em Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), principalmente, para incentivar o saque pelas pessoas, remunera muito mal os depósitos em poupança que sempre foi o mais confiável dos investimentos.
Pelas atitudes econômicas o Estado incentiva as pessoas a comprarem para manter as empresas em funcionamento e gerando lucros. Mas isso só faz com que se concentrem ainda mais os recursos financeiros nas mãos de poucas pessoas.
A continuar assim, logo adiante voltaremos a ter uma inflação alta porque é sabido que ricos não pagam impostos, ou seja, pagam proporcionalmente muito menos do que os mais pobres porque lucros e muitos outros tipos de rendimentos de investimentos, que não estão ao alcance nem da classe média, não são tributados.
Esses ricos são proprietários do grande capital que se concentra, principalmente, em grandes bancos, grandes empresas e na agropecuária. São eles que coordenam os preços dos bens de consumo e das maiores fontes de alimento no mundo inteiro. Por isso são grandes exportadores.
Pouco estão se importando se faltar alimentos no mercado interno ou se os preços desses alimentos se tornem inviáveis aos consumidores do seu país. A eles importa apenas o lucro. Como as exportações são todas incentivadas poucos impostos incidem sobre eles, fica muito mais em conta produzir para exportar.
Mas, essa situação poderá causar escassez de recursos ao Estado para investimentos e para cumprir com seus compromissos com o funcionalismo, como já acontece com o Rio Grande do Sul, estado muito voltado à exportação. Dá para entender? Se está difícil agora, imaginem logo ali adiante.
Antigamente, em regime político semelhante, o Brasil recorria ao FMI e o salário mínimo era inferior a U$ 100/mês. Hoje já está em pouco mais de 200, mas já foi superior a 560 /mês.
Não olhem apenas pela reação das vendas agora. É Natal. Logo virão as parcelas das prestações e o salário mínimo só R$ 30 maior que o atual.

Renan Alberto Moroni

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